Um ponto de vista, dois momentos: à esquerda, a Rua direita em 1902; à direita, a mesma rua na década de 1940, já com os dois edifícios ecléticos, Rio Branco e Tira-Chapéu
Centro histórico, lugar onde Salvador nasceu e se expandiu
O Centro Histórico foi a região onde Salvador começou – a primeira rua, os primeiros bondes, as primeiras igrejas. Com o passar dos anos, o Centro passou a abrigar um dos conjuntos arquitetônicos, paisagísticos e urbanísticos mais importantes do país.
O planejamento urbano respeitou a topografia única de Salvador. Na sua fundação, foi definido um eixo religioso-administrativo, muito característico da ocupação portuguesa:a praça do Palácio, atual Praça Tomé de Souza, representava o poder da Coroa Portuguesa, enquanto o poder religioso era representado pela antiga Catedral da Sé e o Terreiro de Jesus.
O centro é mais que o Pelourinho
O Centro Histórico é formado por dez bairros, todos de grande valor histórico e cultural: Centro Histórico, Centro, Barris, Tororó, Nazaré, Saúde, Barbalho, Macaúbas, Liberdade, Comércio e Santo Antônio Além do Carmo.
Juntos, esses bairros formam um dos mais ricos conjuntos urbanos de origem lusitana e somam atrativos para os turistas e moradores da capital. Os sobrados, conventos, igrejas e praças, os traçados das ruas da cidade alta à cidade baixa e as soluções de implantação em terrenos acidentados são particularidades que fazem da capital baiana uma terra singular.
A baianidade e o centro
Em 5 de dezembro de 1985, parte do Centro Histórico passou a ser considerado patrimônio da humanidade pela Unesco. A região contemplada compreende os monumentos e ruas do conjunto arquitetônico e urbanístico da época do Brasil Colônia. A via principal de acesso é a tradicional Rua Chile, que começa na Praça Castro Alves e termina na Praça da Sé. É o maior conjunto arquitetônico do período colonial preservado na América Latina, que reúne museus, lojas, centros culturais, igrejas e variadas opções gastronômicas que transmitem o melhor da cultura baiana.
Uma rua direita
A Rua Direita é uma tradição do urbanismo português, trazida para a primeira cidade do Brasil, de onde se propagou para todo o país. A concepção remete a uma passagem da Bíblia: o apóstolo Saulo tem uma visão em que ele é enviado a uma casa em Damasco. Pois a tal casa ficava numa rua direta, isto é, no emaranhado da Damasco da época de Cristo, uma rua reta, não sinuosa, o que era uma exceção. Saulo seguiu as ordens de sua visão, foi à tal casa na tal rua reta, lá curou-se de sua cegueira temporária a acabou se convertendo em um dos mais fervorosos divulgadores de Cristo. Por causa dessa passagem, a rua que era reta acabou se tornando referência obrigatória em toda cidade cristã que se preze. Com isso, todas as cidades cristãs do mundo ibérico tinham sua Rua Direita, a rua central, mais movimentada e mais elegante da cidade, local de concentração aos domingos, para o footing semanal. Salvador trouxe a tradição para as Américas.