As esquadrias do Palacete Tira Chapéu são elementos de extrema relevância na composição estética das fachadas do edifício, uma vez que ordenam a modulação e garantem ritmo ao conjunto.
No pavimento térreo, as esquadrias eram originalmente de ferro sanfonado de enrolar e elas são marcadas por bandeiras com fechamento em gradil ornamentado.
No primeiro e segundo pavimento, as esquadrias são dispostas em verga reta, compostas por folhas de madeira com fechamento de vidro. As bandeiras, também em vidro, integram o conjunto.
Marcando o eixo central da fachada principal do edifício, há duas portas de extrema relevância, ambas dispostas em arco. Uma está localizada no segundo pavimento e acompanha o emblema da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia, também com folhas em madeira e fechamento em vidro.
Já a outra porta, igualmente emblemática, é a entrada principal do edifício. Esta se apresenta em madeira com belíssimos detalhes ornamentados em dourado.
As esquadrias de madeira das fachadas encontravam-se com danos decorrentes da umidade e da ação do tempo. A pintura estava desgastada, alguns vidros quebrados e parte delas apresentava mau funcionamento.
Foram realizadas prospecções estatigráficas para identificar a cor original utilizada nas esquadrias e o resultado indicou um tom amarelo, similar ao da fachada, o que pôde ser confirmado através dos poucos registros fotográficos do edifício no início do século XX.
Os trabalhos de restauro se iniciaram com a catalogação de todas as esquadrias do edifício, seguida da desmontagem cuidadosa de todos os elementos, para assim, dar início à recuperação dos mesmos.
Após a remoção das esquadrias, se dá início à remoção das sujeiras superficiais das peças. Esta etapa é realizada através de processos mecânicos a seco, utilizando escovas de cerdas macias ou estopas nas esquadrias e caixilhos. Os gradis ornamentais nas bandeiras das fachadas são limpos por meio de processos mecânicos e químicos utilizando produtos para limpeza da superfície.
Em seguida, é realizada a raspagem manual, lixamento e remoção de maneira cuidadosa das camadas de pintura, prezando sempre pela integridade do material. As ocasionais obturações na madeira recebem nivelamento e as peças consideradas comprometidas ou faltantes são substituídas por novas, de características similares, visando a preservação da unidade do conjunto.
As ferragens das esquadrias como trincos, dobradiças, fechos e cremonas também passam pelo processo de catalogação e desmontagem. Esses elementos são desempenados manualmente e as camadas posteriores de pintura são removidas. Os itens faltantes ou deteriorados são substituídos por peças iguais ou semelhantes às originais.
Por fim, a madeira recebe tratamento anticupim e sua pintura é realizada com esmalte sintético acetinado. Quando prontas, as peças são montadas e recolocadas em seu local de origem. Os vidros são instalados por último, visando o seu perfeito funcionamento e vedação, e dessa forma, se conclui o processo de restauro das esquadrias.
